13.11.06

Muito bons são eles

Muito bons são eles

Há dias fui almoçar ao restaurante mexicano Cantina Mariachi no Colombo.
A duas ou três mesas afastada da minha, almoçava um casal com a idade entre 28, 30 anos com um filho de 4/5 anos, digo filho porque o puto chamava alternadamente mãe e pai.
Chamava mas daquelas duas personagens não transparecia a mais pequena atenção. O casal, almoçava a tradicional comida típica mexicana que, para quem gosta, tem pratos que se prestam a ser comidos com as mãos. Especialmente o “pai” fazia-o com mestria, como se o tivesse feito toda a vida. Ela era mais contida, o guardanapo disfarçava umas mãos luzidias de gordura. Comiam e conversavam como se sozinhos estivessem. Na mesa ao lado o puto, tinha à sua frente uma daquelas embalagens de amburger do Mac Donald. Provavelmente já tinha comido visto que brincava “ferozmente” com um carrinho para trás e para a frente na mesa que lhe cabia. Brincava e falava ora para o pai ora para a mãe mas daquele lado não vinha resposta. Perante a indiferença dos dois, o puto foi brincar para outras mesas que já tinham postas as toalhas de papel e um cinzeiro. Zangado, o puto, fez voar as toalhas e o cinzeiro, esse, passou mesmo ao meu lado, e a acompanhar esta fúria o puto berrava “vou passar aqui a minha vida?” a este grito de angústia furiosa os adultos dizem nada. Acabam por pedir a conta, e o puto, agora à volta deles, vai gritando “estou farto de estar aqui” “quero ir embora”.
A funcionária, uma miúda nova talvez com 17, 18 anos traz a conta e o puto, desatinado grita e diz “tu és feia” e a empregada não está de modas e responde “tu és bonito” ele ataca “tens uma cabeça de cão” ela responde “tens uma cabeça de cágado” ele volta a atacar “não gosto de ti” e ela grita “eu também não”, não percebi se ela não gostava dela ou se queria dizer que era dele que ela não gostava. Os pais entretanto discutem a conta, acabam por deixar o dinheiro e dizem “para o ar” João vamos embora, é tarde o puto já ia na escada rolante.

Madalena Garcia